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Fonte: Mobilidade Estadão 

Prejuízo no RJ poderia financiar compra de 100 novos veículos

De janeiro a agosto de 2024, 52 ônibus queimados foram registradas pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Somente na capital do Rio de Janeiro, oito veículos do tipo foram incendiados segundo o sindicato dos empresários da área, Rio Ônibus. Já em São Paulo, cinco ônibus foram queimados de acordo com a SPTrans. Em todo o Brasil, o prejuízo já é de cerca de R$ 31,4 milhões para as empresas que operam no setor.

Prejuízos financeiros da queima de ônibus em 2024

• 8 ônibus queimados no Rio de Janeiro (RJ), prejuízo de cerca de R$ 6,8 milhões
• 5 ônibus queimados em São Paulo (SP), prejuízo de cerca de R$ 2,8 milhões
• 52 ônibus queimados no Brasil, preço de reposição de R$ 29,2 milhões
• Vandalismo e queimas causaram prejuízo de R$ 75 milhões no Rio de Janeiro em 2023 e 2023, o suficiente para comprar 100 ônibus
• Mais de 14 mil passageiros não transportados em todo o País

Fontes: NTU e Rio Ônibus

Um problema de segurança pública

Para além de um problema de transporte público, Francisco Christovam, diretor-executivo da NTU, explica que a queima de ônibus é uma questão de segurança pública. “As razões que levam as pessoas a colocar fogo em ônibus não são, em sua grande maioria, questões ligadas ao transporte, como ônibus mal conservados, intervalos grandes ou tarifa muito alta”.

Uma pesquisa feita pela associação descobriu que as queimas podem ocorrer para chamar a atenção do Poder Público e da imprensa para outros problemas. “Chegamos à conclusão de que os motivos eram diversos, como a morte do líder de uma facção criminosa, inundações em um bairro ou o intuito de fazer um chamariz para mídia”, ele ressalta.

Prejuízos para a população

Qualquer que seja o motivo da queima, os danos são claros: “o prejuízo financeiro é dos operadores, mas o prejuízo social é da população, que fica sem ônibus”, reflete Christovam. De acordo com ele, as empresas de ônibus renovam cerca de 10% de sua frota por ano. Sendo assim, quando há um incêndio, “o veículo será reposto, mas dentro de uma programação absolutamente normal”.

Em outras palavras, caso um incêndio criminoso de ônibus ocorra em janeiro e a reposição da frota esteja planejada para dezembro, a empresa passará todo o ano com um veículo a menos prestando serviço.

Em média, um ônibus novo demora seis meses para ficar pronto. “Temos que comprar o chassi, de empresas como Mercedes ou Volvo. Em seguida, encaminhamos esse chassi para uma encarroçadora, como Caio ou Marcopolo. Por fim, esse chassi entra no final da fila de uma linha de produção, porque as empresas trabalham com pedidos”, conta Christovam.

Rodando com a reserva técnica

“Todas as companhias têm aquilo que chamamos de reserva técnica, que são ônibus ‘de reserva’. Normalmente o número varia em torno de 6% da frota. A reserva técnica é necessária porque temos manutenções demoradas, que levam mais de uma noite”, explica o diretor-executivo da NTU.

De acordo com ele, a reserva técnica pode substituir os ônibus vítimas de incêndio. No entanto, essa não é a sua função original. Sendo assim, ao retirar veículos da reserva técnica, a queima de ônibus também diminui ou atrasa as manutenções de uma frota.

Queima de ônibus impacta no preço das passagens?

O valor de uma passagem de ônibus não é definido pela empresa que presta o serviço, mas pelas prefeituras. Sendo assim, por mais que as queimas de ônibus aumentem os gastos de uma empresa, com a compra de novos veículos, o preço da passagem só terá aumento se o poder público permitir.

No entanto, por mais que não causem aumento no preço das passagens, as queimas de ônibus impactam na qualidade do serviço.

Christovam comenta que, caso um empresário gaste mais, comprando novos ônibus para substituir os queimados, e não tenha mais receita, sem aumento da tarifa, a solução será comprar menos veículos novos, o que gera uma frota envelhecida ou rodar com uma frota menor em maiores intervalos.

Por: Fellipe Gualberto